quinta-feira, 7 de abril de 2016

Assistam: Eu sou Carlos Imperial!



Acabei de assistir "Eu sou Carlos Imperial", recomendado por dois amigos (Saul Nahmias e Helio Gerbas), que me disseram: - Vai ver hoje, se puder, pois deve sair de cartaz logo. Ontem, fomos assistir e, na plateia, só havia sete pessoas, conosco. Aceitei a sugestão e fui. No cinema, comigo, só havia seis pessoas. O filme é impagável! Merece, sim, ser visto, antes que saia de cartaz. O personagem era um autêntico cafajeste, anti herói assumido (odiava declaradamente os mocinhos), mentiroso compulsivo e... divertido e anárquico. Um cara de pau de primeira. Se o Deus grego Dionísio, desceu à Terra na segunda metade do século vinte, certamente encarnou nele. Não bebia (portando o Deus do vinho deve ter vindo de folga), mas adorava mulheres, coca-cola e comida. Suas orgias o entregaram. Era um autêntico cruzamento de Dionísio com Loki (o Deus nórdico da mentira). Aliás, de alguma maneira, ele me fez lembrar de alguns comentários do mestre Ariano Suassuna, que dizia amar os mentirosos poéticos, que não mentiam para prejudicar os outros, mas por amor à arte. Imperial não mentia por amor à arte, mas em benefício próprio. Era um ególatra compulsivo. E, lembrando o mestre Suassuna (mais uma vez), tinha mau gosto, mas não tinha gosto médio. Não era medíocre de forma nenhuma. Se auto proclamava um Orson Welles brasileiro (cada um tem o Orson que merece). Mas, não! Carlos Imperial não era tão genial como o cineasta inglês, mas era bem mais divertido (ri muito). Alguns, que assistirem ao filme, talvez se desagradem de alguns fatos, como o dele ter assinado o direito autoral de músicas folclóricas, como "meu limão, meu limoeiro", mas o trompetista Miles Davis plagiou a música "prenda minha" (do folclore gaúcho), batizando-a de "song nº5" e todo mundo fez vista grossa. Não dá para julgá-lo dentro do contexto anárquico e louco no qual vivia. Hoje ele certamente seria até processado por algumas de suas "travessuras", mas julgado... não vale! Ninguém saía prejudicado por ele. Todos que falaram do imperial apontavam seus defeitos com um tom de saudade. Era um personagem fictício, sem dúvida, que viveu por aqui. Os colegas do teatro deveriam estudá-lo como lição de casa. Vale muito à pena assistir, sem julgamentos. É um filme fundamental para quem deseja entender melhor estes tempos do "politicamente correto", no qual vivemos. Não deixem as salas dos cinemas vazias!

domingo, 13 de março de 2016

Reflexão de uma pós passeata de 13/03/2016


Sim, nós podemos mudar o Brasil! Mas, só se for pra valer. É emocionante ver o povo nas ruas. Mas, amanhã, isso será fumaça, quando essa motivação toda esfriar. Sim, é possível mudar o Brasil. Se coçarmos muito a cabeça, para manter a nossa memória fresca. Se for fazendo uma faxina geral, mesmo. Se for pra tirar do comando toda essa corja que aí está. Não se salva um. Vale lembrar, aos que possuem uma memória curta (que, neste caso, significa não ter memória alguma), que em 30/08/2011, por 265 votos a 166, a Câmara dos Deputados absolveu a deputada Jaqueline Roriz, que foi flagrada recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM. Em votação secreta, esses parlamentares rejeitaram relatório que pedia a sua cassação. Mais da metade dos votantes secretos são assumidamente corruptos. E isso aconteceu "ontem". Mas, não precisamos ir tão longe. Basta ver os abusos que o Cunha anda fazendo, com toda a sua gang. Infelizmente estávamos, e continuamos, sem nenhuma opção para as próximas eleições. Pelo menos, nenhuma opção conhecida. Vamos fazer um esforço para trazer à luz novos candidatos, com um passado que valha pelo menos um voto de confiança. Vamos tirar essa corja que já está esquentando a cadeira por tempo demais. Vale conhecer um pouco o texto, abaixo, de Brecht:

O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht