Acabei de assistir "Eu sou Carlos Imperial", recomendado por dois amigos (Saul Nahmias e Helio Gerbas), que me disseram: - Vai ver hoje, se puder, pois deve sair de cartaz logo. Ontem, fomos assistir e, na plateia, só havia sete pessoas, conosco. Aceitei a sugestão e fui. No cinema, comigo, só havia seis pessoas. O filme é impagável! Merece, sim, ser visto, antes que saia de cartaz. O personagem era um autêntico cafajeste, anti herói assumido (odiava declaradamente os mocinhos), mentiroso compulsivo e... divertido e anárquico. Um cara de pau de primeira. Se o Deus grego Dionísio, desceu à Terra na segunda metade do século vinte, certamente encarnou nele. Não bebia (portando o Deus do vinho deve ter vindo de folga), mas adorava mulheres, coca-cola e comida. Suas orgias o entregaram. Era um autêntico cruzamento de Dionísio com Loki (o Deus nórdico da mentira). Aliás, de alguma maneira, ele me fez lembrar de alguns comentários do mestre Ariano Suassuna, que dizia amar os mentirosos poéticos, que não mentiam para prejudicar os outros, mas por amor à arte. Imperial não mentia por amor à arte, mas em benefício próprio. Era um ególatra compulsivo. E, lembrando o mestre Suassuna (mais uma vez), tinha mau gosto, mas não tinha gosto médio. Não era medíocre de forma nenhuma. Se auto proclamava um Orson Welles brasileiro (cada um tem o Orson que merece). Mas, não! Carlos Imperial não era tão genial como o cineasta inglês, mas era bem mais divertido (ri muito). Alguns, que assistirem ao filme, talvez se desagradem de alguns fatos, como o dele ter assinado o direito autoral de músicas folclóricas, como "meu limão, meu limoeiro", mas o trompetista Miles Davis plagiou a música "prenda minha" (do folclore gaúcho), batizando-a de "song nº5" e todo mundo fez vista grossa. Não dá para julgá-lo dentro do contexto anárquico e louco no qual vivia. Hoje ele certamente seria até processado por algumas de suas "travessuras", mas julgado... não vale! Ninguém saía prejudicado por ele. Todos que falaram do imperial apontavam seus defeitos com um tom de saudade. Era um personagem fictício, sem dúvida, que viveu por aqui. Os colegas do teatro deveriam estudá-lo como lição de casa. Vale muito à pena assistir, sem julgamentos. É um filme fundamental para quem deseja entender melhor estes tempos do "politicamente correto", no qual vivemos. Não deixem as salas dos cinemas vazias!
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