segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Para meus amigos desesperançosos


“Observe aquela árvore no jardim do seu vizinho. Veja como cresce, curvada e torcida. Algum sopro de vento trouxe o gérmen, do qual ela brotou, à fenda da rocha; cercada de rochedos e edifícios, oprimida pela Natureza e pelo homem, a sua vida tem sido uma contínua luta pela luz – luz que é a necessidade e o princípio dessa vida mesma: veja como se tem agarrado e enroscado; como, onde encontrava uma barreira, esforçou-se, criando o caule e os ramos, por meio das quais conseguiu elevar-se e pôr-se em contato com a clara luz do céu. Que é o que a tem preservado e protegido contra todas as desvantagens do seu nascimento, e contra as circunstâncias adversas? Porque são as suas folhas tão verdes e formosas como as da parreira que estão aqui, e que, com todos os seus braços, desfruta o ar e o sol, sem empecilhos? Minha filha é porque o instinto, que impelia a lutar, porque os esforços que tem feito para alcançar a luz, a levaram a alcançar por fim, essa luz que tanto procurava. Assim, pois, com o coração valente, atravesse os adversos acidentes e as mágoas do fado, dirigindo o olhar interno ao sol, e lutando para alcançar o céu; é esta luta que dá saber aos fortes, e felicidade aos fracos. Antes que nos tornemos a ver, você terá olhado mais de uma vez, com olhos tristes e pesados àqueles ramos, e quando ouvir como as aves trinam, pousando neles, e quando vir como os raios do sol, vindo, de esguelha, do rochedo e da cumeeira da casa, brincam com as suas folhas, aprenda a lição que a Natureza lhe ensina, e lute, atravessando as trevas, para chegar à luz!”

*Trecho extraído de “Zanoni” – Romance Ocultista escrito pelo inglês Sir Edward Bulwer Lytton (1803/1873) – Tradução de Francisco Valdomiro Lorenz – Editora Pensamento.

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