Dê-me um lápis e algumas folhas de papel, e eu construirei um mundo. Não
um mundo de mentira. Um mundo para os sonhadores. Um mundo ideal,
reinventado, para todas as crianças, principalmente aquelas com mais de
15 anos, que estivessem perdendo a capacidade de sonhar, pensando que
estavam acordando. Mas, só estariam adentrando, cada vez mais, no
labirinto da vida, rumo ao abismo do esquecimento. Esse mundo seria
criado especialmente para estas crianças velhas, que se perderam de
si e começaram a buscar-se no outro. Nele, haveria uma revelação em
cada canto, para quem tivesse paciência para ver e ouvir. E as crianças
teriam capacidade de conversar com os bichos, com o sol, com a terra,
sem dizer uma só palavra. Respirariam devagar, sem engasgarem-se com o
ar, ou as palavras. Um mundo onde a internet seria uma grande caverna,
na qual ninguém poderia penetrar, mas poderia parar na sua entrada, para
perguntar o que quisesse. De lá de dentro uma voz poderosa sempre
responderia. Haveria mistério, encantamento e muita humildade, nesta
voz. E a resposta mais comum, seria “eu nada sei sobre isso, só ouvi
falar à respeito, mas nem sei se é verdade”. Seria um mundo com música, é
claro, mas com algumas penumbras de silêncio, também. Mas, neste mundo,
também haveriam alguns perigos. Os maiores deles, seriam a certeza e o
julgamento. E, em alguns momentos, de forma imprevisível, as crianças
seriam beliscadas por alguma coisa invisível, só para ficarem atentas e
conscientes. Seria um bom mundo, tenho fé que seria, pois nele eu
colocaria o meu pior, com muito humor, e o que há de melhor, com amor.
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