quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O MELHOR DOS MUNDOS




Dê-me um lápis e algumas folhas de papel, e eu construirei um mundo. Não um mundo de mentira. Um mundo para os sonhadores. Um mundo ideal, reinventado, para todas as crianças, principalmente aquelas com mais de 15 anos, que estivessem perdendo a capacidade de sonhar, pensando que estavam acordando. Mas, só estariam adentrando, cada vez mais, no labirinto da vida, rumo ao abismo do esquecimento. Esse mundo seria criado especialmente para estas crianças velhas, que se perderam de si e começaram a buscar-se no outro. Nele, haveria uma revelação em cada canto, para quem tivesse paciência para ver e ouvir. E as crianças teriam capacidade de conversar com os bichos, com o sol, com a terra, sem dizer uma só palavra. Respirariam devagar, sem engasgarem-se com o ar, ou as palavras. Um mundo onde a internet seria uma grande caverna, na qual ninguém poderia penetrar, mas poderia parar na sua entrada, para perguntar o que quisesse. De lá de dentro uma voz poderosa sempre responderia. Haveria mistério, encantamento e muita humildade, nesta voz. E a resposta mais comum, seria “eu nada sei sobre isso, só ouvi falar à respeito, mas nem sei se é verdade”. Seria um mundo com música, é claro, mas com algumas penumbras de silêncio, também. Mas, neste mundo, também haveriam alguns perigos. Os maiores deles, seriam a certeza e o julgamento. E, em alguns momentos, de forma imprevisível, as crianças seriam beliscadas por alguma coisa invisível, só para ficarem atentas e conscientes. Seria um bom mundo, tenho fé que seria, pois nele eu colocaria o meu pior, com muito humor, e o que há de melhor, com amor.

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