Meu pai foi único! Um tipo original e inesquecível. Não tenho dúvidas que o
escolhi, antes de chegar neste mundo. Há mais dele em mim do que eu
podia imaginar.
Mas, existem outros pais que a vida nos dá, quando escapamos dos olhares dos nossos pais biológicos. Estão presentes, mesmo sem perceberem o quanto nos são importantes, e essenciais. Nos ensinam sem cobrar pelo nosso aprendizado, às vezes cuidam de nós e até nos chamam a atenção porque se importam, ou simplesmente nos apoiam silenciosamente, quando estamos tristes, ou a vida para de fazer sentido, diante de nosso olhar jovem e perplexo.
Tive vários desses pais, pela vida afora. Alguns já partiram, outros continuam por aí, construindo a sua história. Em comum, todos possuem o meu amor, minha admiração, e minha eterna gratidão. Não é difícil falar deles, porque estão presentes em minhas orações todos os dias. Sim, eu rezo! Não da forma como muitos imaginam. Não faço nenhum ritual padronizado, mas tenho certeza que minha oração é das boas. Sempre penso neles, lembro das coisas boas que me fizeram e peço a Deus que cuide deles, onde quer que estejam. Que lhes dê tudo o que precisarem, mesmo que seja o que não queiram. E, principalmente, agradeço por terem cruzado o meu caminho.
Mas, não adianta falar do milagre sem contar o santo (acho isso terrível).
Então, aqui vão os nomes dos meus pais, que me adotaram em momentos essenciais.
O primeiro é o meu tio Borba, casado com minha tia Helena. Sempre esteve presente em minha vida, ajudando meus pais à distância, sem pedir nada em troca. Não dá para enumerar as vezes em que nos socorreu. E, sempre de modo muito discreto, sem fazer alarde ou comentar com o resto da família. Sua forma de se expressar, neste mundo, é ajudando. Sei que, lá no fundo, ele é uma criança alegre, que liga o rádio e dança no quarto, sem que ninguém saiba. Acho que ele dança é pra Deus, e para si, é claro. Quer plateia melhor? Ele nunca saberá como eu sei disso, mas é verdade.
O segundo, foi o Babbo Luciano, pai do meu “amigo (e irmão) de estimação” Umberto Ivan Moriconi. Conheço-o desde os nove anos de idade, e seu pai sempre foi muito presente em minha vida. Sempre gostou de mim, e de meus irmãos, como se fossemos seus filhos, também. Cuidava de nós e, quando nos via, seus olhos brilhavam. Era puro carinho conosco. Com ele eu aprendi a beijar meu pai, e que esse negócio de “homem macho não beija homem” era uma tremenda bobagem. Via meu amigo cumprimentando o “babbo” com um beijo e sentia inveja. Até que criei coragem e comecei a beijar o meu velho piauiense. No início ele estranhou, mas depois isso se tornou um hábito entre nós. Afinal, qual é o pai que não gostaria de ser beijado pelo seu filho? Lembro-me que, certa vez, quando estava com meus vinte e cinco anos de idade (e ainda morava na casa de meus pais), viajei num feriado prolongado e deixei um aviso pregado em um imã de geladeira. Acontece que eu tinha um cachorro muito estabanado, que trombou na geladeira e fez com que o papel caísse em um canto qualquer. Quando regressei, meus pais estavam em polvorosa, desesperados. Na primeira oportunidade que teve, o Babbo Luciano me ligou e deu uma bronca dura e raivosa. Alí eu percebi o quanto o respeitava; pois, escutei tudo em silêncio e só conseguia responder: - Sim, Senhor!
Existiram outros pais postiços que acabaram de me criar, em um ou outro segmento de minha vida: O meu mestre de Kung Fu Marcos Marco Natali Escritor Brasileiro , o Luiz Baccelli, que me adotou como seu “discípulo teatral”, o Luis Alberto de Abreu, que me ensinou que dramaturgia era bem mais do que o simples desejo de escrever, e o Meu Mestre espiritual, que não gosta que eu fale seu nome.
O Natali me influenciou muito quando eu fui um dos professores de sua equipe, na União Nacional de Kung Fu. Sempre me deu total liberdade para atuar, mas nunca me faltava, quando eu precisava de conselhos e orientação. Sua influência sobre mim foi tão marcante, que minha irmã Luiza Albuquerques), quando foi fazer um workshop com ele, comentou: - Sabe, Mimi! Foi interessante ter conhecido o criador depois de já conhecer a criatura!
O Luis Baccelli sempre foi meu amigo, desde a época em que fazíamos teatro amador. Sempre que tinha uma nova conquista ou aprendia alguma coisa nova, fazia questão de compartilhar comigo. Não para se gabar ou ostentar, mas para me ensinar! Ía sempre aos meus espetáculos e me aconselhava e incentivava. Sempre tinha tempo para mim. Até que a gente brigou e ficou sem se falar. Mas, mesmo depois disso, sempre assisti às suas peças e continuei a acompanhar o seu trabalho. Continuei torcendo por ele e, tenho certeza, ele continuou fazendo o mesmo por mim (tive provas disso). Mas, a verdade é que éramos dois cabeçudos. Quando ele faleceu eu estive em seu funeral, para dar-lhe o meu último adeus. Lamentando por não ter sabido antes que ele estava muito doente. Eu teria ido visitá-lo. Ali, diante de seu caixão, a nossa briga ficou muito pequena perto da amizade que um dia tivemos.
O Abreu, meu mestre de dramaturgia, foi outro desses pais. Quando decidi que queria aprender dramaturgia com ele, não larguei do seu pé até conseguir entrar em sua turma. Com ele eu aprendi muito, e segui adiante. Guardo comigo muitas de suas lições. Mas, a maior delas: - Se quer mesmo ser um dramaturgo, sempre desconfie de suas ideias!
E, finalmente, de meu Mestre espiritual, só tenho a dizer que ele me trata por “Meu filho”!
Mas, existem outros pais que a vida nos dá, quando escapamos dos olhares dos nossos pais biológicos. Estão presentes, mesmo sem perceberem o quanto nos são importantes, e essenciais. Nos ensinam sem cobrar pelo nosso aprendizado, às vezes cuidam de nós e até nos chamam a atenção porque se importam, ou simplesmente nos apoiam silenciosamente, quando estamos tristes, ou a vida para de fazer sentido, diante de nosso olhar jovem e perplexo.
Tive vários desses pais, pela vida afora. Alguns já partiram, outros continuam por aí, construindo a sua história. Em comum, todos possuem o meu amor, minha admiração, e minha eterna gratidão. Não é difícil falar deles, porque estão presentes em minhas orações todos os dias. Sim, eu rezo! Não da forma como muitos imaginam. Não faço nenhum ritual padronizado, mas tenho certeza que minha oração é das boas. Sempre penso neles, lembro das coisas boas que me fizeram e peço a Deus que cuide deles, onde quer que estejam. Que lhes dê tudo o que precisarem, mesmo que seja o que não queiram. E, principalmente, agradeço por terem cruzado o meu caminho.
Mas, não adianta falar do milagre sem contar o santo (acho isso terrível).
Então, aqui vão os nomes dos meus pais, que me adotaram em momentos essenciais.
O primeiro é o meu tio Borba, casado com minha tia Helena. Sempre esteve presente em minha vida, ajudando meus pais à distância, sem pedir nada em troca. Não dá para enumerar as vezes em que nos socorreu. E, sempre de modo muito discreto, sem fazer alarde ou comentar com o resto da família. Sua forma de se expressar, neste mundo, é ajudando. Sei que, lá no fundo, ele é uma criança alegre, que liga o rádio e dança no quarto, sem que ninguém saiba. Acho que ele dança é pra Deus, e para si, é claro. Quer plateia melhor? Ele nunca saberá como eu sei disso, mas é verdade.
O segundo, foi o Babbo Luciano, pai do meu “amigo (e irmão) de estimação” Umberto Ivan Moriconi. Conheço-o desde os nove anos de idade, e seu pai sempre foi muito presente em minha vida. Sempre gostou de mim, e de meus irmãos, como se fossemos seus filhos, também. Cuidava de nós e, quando nos via, seus olhos brilhavam. Era puro carinho conosco. Com ele eu aprendi a beijar meu pai, e que esse negócio de “homem macho não beija homem” era uma tremenda bobagem. Via meu amigo cumprimentando o “babbo” com um beijo e sentia inveja. Até que criei coragem e comecei a beijar o meu velho piauiense. No início ele estranhou, mas depois isso se tornou um hábito entre nós. Afinal, qual é o pai que não gostaria de ser beijado pelo seu filho? Lembro-me que, certa vez, quando estava com meus vinte e cinco anos de idade (e ainda morava na casa de meus pais), viajei num feriado prolongado e deixei um aviso pregado em um imã de geladeira. Acontece que eu tinha um cachorro muito estabanado, que trombou na geladeira e fez com que o papel caísse em um canto qualquer. Quando regressei, meus pais estavam em polvorosa, desesperados. Na primeira oportunidade que teve, o Babbo Luciano me ligou e deu uma bronca dura e raivosa. Alí eu percebi o quanto o respeitava; pois, escutei tudo em silêncio e só conseguia responder: - Sim, Senhor!
Existiram outros pais postiços que acabaram de me criar, em um ou outro segmento de minha vida: O meu mestre de Kung Fu Marcos Marco Natali Escritor Brasileiro , o Luiz Baccelli, que me adotou como seu “discípulo teatral”, o Luis Alberto de Abreu, que me ensinou que dramaturgia era bem mais do que o simples desejo de escrever, e o Meu Mestre espiritual, que não gosta que eu fale seu nome.
O Natali me influenciou muito quando eu fui um dos professores de sua equipe, na União Nacional de Kung Fu. Sempre me deu total liberdade para atuar, mas nunca me faltava, quando eu precisava de conselhos e orientação. Sua influência sobre mim foi tão marcante, que minha irmã Luiza Albuquerques), quando foi fazer um workshop com ele, comentou: - Sabe, Mimi! Foi interessante ter conhecido o criador depois de já conhecer a criatura!
O Luis Baccelli sempre foi meu amigo, desde a época em que fazíamos teatro amador. Sempre que tinha uma nova conquista ou aprendia alguma coisa nova, fazia questão de compartilhar comigo. Não para se gabar ou ostentar, mas para me ensinar! Ía sempre aos meus espetáculos e me aconselhava e incentivava. Sempre tinha tempo para mim. Até que a gente brigou e ficou sem se falar. Mas, mesmo depois disso, sempre assisti às suas peças e continuei a acompanhar o seu trabalho. Continuei torcendo por ele e, tenho certeza, ele continuou fazendo o mesmo por mim (tive provas disso). Mas, a verdade é que éramos dois cabeçudos. Quando ele faleceu eu estive em seu funeral, para dar-lhe o meu último adeus. Lamentando por não ter sabido antes que ele estava muito doente. Eu teria ido visitá-lo. Ali, diante de seu caixão, a nossa briga ficou muito pequena perto da amizade que um dia tivemos.
O Abreu, meu mestre de dramaturgia, foi outro desses pais. Quando decidi que queria aprender dramaturgia com ele, não larguei do seu pé até conseguir entrar em sua turma. Com ele eu aprendi muito, e segui adiante. Guardo comigo muitas de suas lições. Mas, a maior delas: - Se quer mesmo ser um dramaturgo, sempre desconfie de suas ideias!
E, finalmente, de meu Mestre espiritual, só tenho a dizer que ele me trata por “Meu filho”!
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