sábado, 11 de julho de 2015

Decifra-me ou te devoro!

Nosso país é como uma imensa esfinge, que nos lança enigmas diariamente. Quem consegue responder às questões lançadas, não vê crise, vê oportunidade

Em 1996 tive a oportunidade de trabalhar, por um curto período, para um empresário chinês que me contratou para auxiliá-lo na análise do mercado brasileiro (pretendia exportar para o Brasil). Sua empresa exportava para o Japão e Alemanha (mercados exigentes), e ele tinha grandes planos para o Brasil. Era um homem objetivo, obcecado e determinado. Um autêntico “Tigre Asiático”. Veio com discursos do tipo: - Trabalhe direitinho e, em menos de dois anos você terá o seu Mercedes Benz!
Após algumas semanas de análise, ele bateu em retirada, com a seguinte conclusão: - Tenho que estudar melhor, antes de entrar em seu país. Seu mercado é muito complexo. Nunca mais soube dele. Nos anos seguintes, trabalhei com outras empresas estrangeiras, e obtive excelentes resultados (digo isso sem falsa modéstia, pois as evidências falaram por si). A conclusão a qual cheguei foi a seguinte: De todas aquelas empresas, seja na área comercial ou cultural, com as quais trabalhei, as que obtiveram os melhores resultados por aqui foram aquelas que entraram no nosso país com humildade, dispostas a aprenderem conosco e sobre nós. Aquelas que chegaram com discursos mágicos, com arrogância, e carregando em sua pasta a solução ideal, quebraram a cara. É verdade que temos muito que aprender com outras culturas que deram certo, mas temos também que nos avaliar nos nossos melhores valores. Temos aqui, também, homens geniais, honestos, bons empresários e líderes, que amam nosso país e todo dia acordam dando o seu melhor, mesmo com as adversidades e contra uma corja de políticos que tentam estragar essa bela terra. Digo isso porque conheço alguns, pessoalmente. São pessoas dignas e preciosas, que lidam com essa imensa esfinge, que é o nosso país, e todo dia decifram as questões que ele lhes lança. Cabe concluir, citando a frase do nosso genial Tom Jobim, que conhecia (e amava) esse país como ninguém: “O Brasil não é para amadores!”



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