Estou trabalhando em um projeto que resolvi desengavetar. Trata de identidade cultural, de entendemos nossas origens...
Ando pesquisando um bocado e lendo sobre tudo que encontro. E, rebuscando no Baú de minhas memórias, lembrei de um documentário da TV Record há décadas atrás. Acho que a emissora ainda não era do Bispo Edir Macedo, porque o assunto tratado certamente não seria de seu interesse. Falava do alto índice de suicídio entre os índios, e muitos eram alcóolatras. Estavam em uma completa situação de abandono pelos poderes públicos. O avanço dos católicos e, principalmente, dos evangélicos, em suas comunidades estava causando um estrago considerável em sua cultura. Em determinado momento, um índio entrevistado falou a respeito:
- Eles aparecem aqui falando de um Deus diferente dos nossos, nos mostram um outro mundo e nos deixam envergonhados de sermos quem somos. Aí a gente fica de um jeito que não dá para entender. A gente quer aceitar esse Deus, mas a nossa alma não consegue. E aí a gente fica sem poder ser índio, e sem conseguir ser como eles. Antes era tudo mais simples. A gente adorava a lua, o sol... a natureza. Tudo estava certo. Agora, a gente não consegue mais se achar em lugar nenhum.
A cena seguinte, foi muito triste, e até hoje eu penso em quem teve a sensibilidade, e o sangue frio, de gravá-la. E editá-la tão bem. Era uma cena doída, contundente, mas necessária. Mostrava um índio, bêbado, saindo de um boteco de beira de estrada. O cameraman foi seguindo-o, de longe, registrando tudo. A estrada era de terra, iluminada por uma lua cheia, que prateava todo o cenário. E o índio, trôpego, em determinado momento parou, e olhou para cima, como que querendo respirar. Mas, logo em seguida, abaixou a cabeça, como que envergonhado, e um gemido, quase mudo, saiu de seu íntimo. E ele seguiu, pela estrada, envergonhado, desonrado, despido de tudo o que mais prezava. Envergonhado da sua sagrada lua, envergonhado por ser índio.
Certa vez um professor me disse: - A gente pode até pensar que não tem nada a ver com as questões indígenas, com os problemas destes povos que vivem abandonados nas aldeias. Mas, aqui no conforto de nossas salas, diante da televisão, a gente vai ser afetado, de alguma forma. Mesmo que não sejamos afetados diretamente, não ganharemos nada com essa alienação toda. Alguma coisa muito preciosa está se perdendo, e nós não vamos saber o que é, até ser tarde demais. Nós sempre olhamos para o índio pensando no que ele não tem. Mas, nós nunca paramos para nos perguntar no que eles podem ter, e que não conseguimos (com toda a nossa arrogância de homens brancos) perceber.
A cena seguinte, foi muito triste, e até hoje eu penso em quem teve a sensibilidade, e o sangue frio, de gravá-la. E editá-la tão bem. Era uma cena doída, contundente, mas necessária. Mostrava um índio, bêbado, saindo de um boteco de beira de estrada. O cameraman foi seguindo-o, de longe, registrando tudo. A estrada era de terra, iluminada por uma lua cheia, que prateava todo o cenário. E o índio, trôpego, em determinado momento parou, e olhou para cima, como que querendo respirar. Mas, logo em seguida, abaixou a cabeça, como que envergonhado, e um gemido, quase mudo, saiu de seu íntimo. E ele seguiu, pela estrada, envergonhado, desonrado, despido de tudo o que mais prezava. Envergonhado da sua sagrada lua, envergonhado por ser índio.
Certa vez um professor me disse: - A gente pode até pensar que não tem nada a ver com as questões indígenas, com os problemas destes povos que vivem abandonados nas aldeias. Mas, aqui no conforto de nossas salas, diante da televisão, a gente vai ser afetado, de alguma forma. Mesmo que não sejamos afetados diretamente, não ganharemos nada com essa alienação toda. Alguma coisa muito preciosa está se perdendo, e nós não vamos saber o que é, até ser tarde demais. Nós sempre olhamos para o índio pensando no que ele não tem. Mas, nós nunca paramos para nos perguntar no que eles podem ter, e que não conseguimos (com toda a nossa arrogância de homens brancos) perceber.
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