Um monge recebeu de seu mestre a determinação de ir até um dos pólos da terra para fazer um intenso trabalho de meditação.
- Você terá que ficar dois meses por lá. O frio é intenso e sua disciplina e autocontrole serão testados no limite. Leve todo o mantimento de que precisar. Mas, terá também que abandonar temporariamente sua dieta vegetariana. Aconselho-o a levar carne de carneiro, que é muito forte e lhe dará os nutrientes necessários para manter sua energia, e auxiliá-lo em seu treinamento.
O monge se preparou para a tarefa. Na véspera de sua partida, foi à cidade comprar carne de carneiro. Foi ao único frigorífico que havia na cidade. Não havia carne de carneiro:
- Tivemos muitas festas neste mês e toda a carne de carneiro foi servida nas comemorações. Temos outras carnes. Respondeu-lhe o açougueiro.
- Preciso de carne de carneiro, outra não servirá.
Ao voltar ao mosteiro, encontrou seu mestre com um arco e flecha nas mãos:
- Já que não encontrou carne de carneiro, terá que levar carne de cervo, que também pode servir ao seu propósito. Vá à floresta caçar!
- Quer dizer que, além de abandonar a minha dieta vegetariana, agora terei que matar?
- E qual é a diferença? A mão que mata o carneiro é igual à sua, ao matar o cervo. Vá caçar! Respondeu-lhe o mestre.
E o monge seguiu rumo à floresta. Próximo a uma clareira, encontrou muitos cervos, pastando. Armou seu arco e apontou na direção do mais forte e robusto. Foram longos segundos, até que a flecha tomasse seu caminho. Neste tempo lembrou-se de seus votos de compaixão, de suas renúncias e de seu profundo respeito por cada ser vivo. Errou! O grupo assustou-se e fugiu. Só um cervo ficou. Tranqüilo, caminhou em direção ao monge. Ao encontrá-lo, curvou sua cabeça perante o asceta.
- Por que não fugiu com os outros cervos, não percebe que irei matá-lo?
- Percebo, mas não o fará! Seu espírito está tão aprisionado em seus votos, que se me matar estará se condenando à danação eterna. Desta forma, eu entrego minha vida em suas mãos, e escolho o sacrifício, para que possa continuar sua evolução espiritual. Não sofra por mim, porque eu não sofrerei por você. Dou a minha vida com alegria para que possa nascer mais um santo sobre a terra.
O monge entendeu, naquele instante, o propósito de tudo. Armou-se de uma força descomunal e, com um único golpe, acertou a nuca do animal, matando-o. Gastou o resto do dia cortando sua carne e extraindo cada parte de seu corpo para serem aproveitadas ao máximo. Nada foi desperdiçado. O que não pode aproveitar, tratou de enterrar. A terra cuidaria de dar-lhes o destino apropriado. Então partiu, rumo à sua missão. Seu coração estava em paz, a ordem e o caos dançaram em harmonia, e o espírito do cervo voltou à fonte.
A elevação não está na ação ou na intenção, mas no desígnio único que habita em cada alma.
- Você terá que ficar dois meses por lá. O frio é intenso e sua disciplina e autocontrole serão testados no limite. Leve todo o mantimento de que precisar. Mas, terá também que abandonar temporariamente sua dieta vegetariana. Aconselho-o a levar carne de carneiro, que é muito forte e lhe dará os nutrientes necessários para manter sua energia, e auxiliá-lo em seu treinamento.
O monge se preparou para a tarefa. Na véspera de sua partida, foi à cidade comprar carne de carneiro. Foi ao único frigorífico que havia na cidade. Não havia carne de carneiro:
- Tivemos muitas festas neste mês e toda a carne de carneiro foi servida nas comemorações. Temos outras carnes. Respondeu-lhe o açougueiro.
- Preciso de carne de carneiro, outra não servirá.
Ao voltar ao mosteiro, encontrou seu mestre com um arco e flecha nas mãos:
- Já que não encontrou carne de carneiro, terá que levar carne de cervo, que também pode servir ao seu propósito. Vá à floresta caçar!
- Quer dizer que, além de abandonar a minha dieta vegetariana, agora terei que matar?
- E qual é a diferença? A mão que mata o carneiro é igual à sua, ao matar o cervo. Vá caçar! Respondeu-lhe o mestre.
E o monge seguiu rumo à floresta. Próximo a uma clareira, encontrou muitos cervos, pastando. Armou seu arco e apontou na direção do mais forte e robusto. Foram longos segundos, até que a flecha tomasse seu caminho. Neste tempo lembrou-se de seus votos de compaixão, de suas renúncias e de seu profundo respeito por cada ser vivo. Errou! O grupo assustou-se e fugiu. Só um cervo ficou. Tranqüilo, caminhou em direção ao monge. Ao encontrá-lo, curvou sua cabeça perante o asceta.
- Por que não fugiu com os outros cervos, não percebe que irei matá-lo?
- Percebo, mas não o fará! Seu espírito está tão aprisionado em seus votos, que se me matar estará se condenando à danação eterna. Desta forma, eu entrego minha vida em suas mãos, e escolho o sacrifício, para que possa continuar sua evolução espiritual. Não sofra por mim, porque eu não sofrerei por você. Dou a minha vida com alegria para que possa nascer mais um santo sobre a terra.
O monge entendeu, naquele instante, o propósito de tudo. Armou-se de uma força descomunal e, com um único golpe, acertou a nuca do animal, matando-o. Gastou o resto do dia cortando sua carne e extraindo cada parte de seu corpo para serem aproveitadas ao máximo. Nada foi desperdiçado. O que não pode aproveitar, tratou de enterrar. A terra cuidaria de dar-lhes o destino apropriado. Então partiu, rumo à sua missão. Seu coração estava em paz, a ordem e o caos dançaram em harmonia, e o espírito do cervo voltou à fonte.
A elevação não está na ação ou na intenção, mas no desígnio único que habita em cada alma.
Extraído do livro "Crônicas dos espíritos da Terra" (de Emilio Gahma)
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