“Nasci
durante uma guerra, exatamente em um campo de batalha. Minha mãe
gritava de dor em meio aos bombardeios, tiros e gritos de homens
enfurecidos, amedrontados e apressados.
Alguns
homens, enquanto lutavam, a percebiam parindo, ali mesmo, no meio do
nada. Mas não tinham tempo para se importar com mais nada, a não ser
salvar suas vidas.
E
assim, eu nasci. Meu primeiro choro foi abafado pelos tiros dos
canhões. Posso dizer, sem nenhum orgulho, que sou filho da guerra.
Quando
o conflito cessou, eu já estava crescido, de pé sobre uma colina,
contemplando um campo que fora banhado com o sangue de muitos, e que a
terra tratou de beber, e transformar em relva abundante.
Mais tarde me deram uma espada, para que tratasse de me defender, da melhor maneira que pudesse.
Foi
então que aprendi a farejar a guerra em seus menores ruídos e
movimentos; que aprendi a manter minha espada sempre na bainha, sem
esforço, sem luta, sem dor.
A
guerra me criou assim: próspero, alegre e misericordioso. Me mostrou o
som que há no coração dos homens, para que eu pudesse escutar o meu
próprio.
E a guerra me ensinou a harmonia que existe, entre a tempestade e a calmaria.”
Crônica de Guerra, do meu Espetáculo Teatral " Arte da Guerra"
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