terça-feira, 2 de junho de 2015



O grito (kiai) deve ser surpreendente, deve vir do âmago, pois está liberando uma energia de ataque. Uma vez que este ataque vem em forma de som, assusta o inimigo e o deixa desprotegido por alguns instantes. Cada pessoa tem o seu próprio kiai, e ele é tão pessoal, quanto uma impressão digital. Um lutador que desejar desenvolvê-lo, precisa fazê-lo brotar, arrancá-lo, de suas entranhas.
Não se ensina um kiai, mas ele pode ser aprendido. Um professor pode orientar, conduzir, o aluno a pesquisar o seu próprio grito. Mas, se tentar ensiná-lo, o resultado será catastrófico. Seu aluno, certamente, cometerá o grave erro de tentar imitá-lo, aprendendo apenas uma forma vazia e estereotipada. O tiro sairá pela culatra. Quando se utiliza um kiai, estando apenas na forma, vazia de energia, ele não provoca qualquer efeito no adversário. Ao contrário, acaba alertando-o sobre o movimento do ataque e o deixa prevenido, facilitando a sua defesa.
O kiai deve ser surpreendente até para quem o emprega, ou então não deve ser usado. Se o lutador não sentir que vai surpreender, é melhor que ele ataque calado.

Trecho extraído de meu livro "Quem teme perder, já está vencido" (Lições aprendidas em uma academia de artes marciais, que podem ser úteis em vários setores de nossa vida) 

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